terça-feira, 1 de setembro de 2009

073 / uma terra menos violenta que eu

"(...) É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. (...) Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. (...) Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza?"

"Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário."
"Eu, que jamais me habituei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse."

"Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe."

Perdoando Deus, Clarice Lispector.

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