domingo, 29 de março de 2009

045 / meu poema sujo

No céu azul nuvens nuas
No teu olhar céus febris
Passos maiores que as ruas
Canções que eu nunca fiz

Tu pisavas distraída
por entre os carros sem dor
andando pela avenida
como se andasse num andor


a avenida de mão dupla morta é cenário de milhares de vidas apressadas e egoístas, trabalhadoras ou vagabundas; o sol forte bate, o cinza do asfalto queima só de olhar. ela passa até o meio. e com os pés em cima de duas estreitas faixas pintadas de branco espera que um carro pare, que um motorista apressado freie xingando o motoqueiro logo atrás, que um semáforo lerdo desponte o vermelho antes da hora.

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